quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Professor surdo ministra aulas de Libras para alunos ouvintes em Goiás

Estudantes conseguem entender com uso de sinais e recursos tecnológicos.
Disciplina é optativa para alguns cursos do Instituto Federal de Goiás (IFG).


Com um silêncio incomum em sala de aula e mãos em movimentos constantes, os alunos do Instituto Federal de Goiás (IFG) prestam atenção ao máximo nas explicações do professor Luiz Pereira de França Júnior, 45 anos. Ele é surdo desde o nascimento e ministra a disciplina de Língua Brasileira de Sinais (Libras) no campus Goiânia. O diferencial é que todos os presentes são ouvintes e interagem com o mestre apenas pela linguagem de sinais.
G1 acompanhou uma aula do professor Luiz no IFG e contou com a ajuda da psicóloga e estudante de Libras Maraiza Oliveira Costa, 28 anos, para intermediar a entrevista.
De acordo com o professor, a técnica usada para ministrar as aulas faz toda a diferença para que todos possam se entender. “Utilizo bastante um projetor multimídia, pois os alunos precisam do visual para entender a linguagem de sinais. Também uso o método de perguntas e respostas, no qual o grupo interage e pode compartilhar informações. Além disso, fazemos atividades impressas, para que cada um possa, em casa, continuar os trabalhos. Se alguém tiver dúvida, uso também técnicas de soletração”, explicou Luiz.
Além dos slides e imagens, o professor faz comparações entre as gramáticas da Libras e do Português e faz traduções entre as duas linguagens. Com o movimento das mãos e expressões aguçadas, Luiz envolve os alunos, que participam o tempo todo das explicações e se ajudam entre si quando alguém não compreende um determinado ponto. O silêncio das aulas só é quebrado quando o professor faz alguma graça e as risadas tomam conta do ambiente.
Luiz nasceu no município de Sertânia, no interior do Pernambuco, e mudou com a família para Goiânia em 1995. Os pais dele moraram na capital por quatro anos, mas decidiram voltar para o estado natal. Ele preferiu continuar na cidade, onde já estudava a linguagem de sinais. Em 2006 começou a cursar Licenciatura em Letras-Libras, em um convênio entre o IFG e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que formou a primeira turma a distância em 2010.


Universidade do Estado do AM seleciona intérpretes de Libras

As inscrições deverão ser realizadas até o dia 15 de agosto.
Seleção é para atuar nas atividades acadêmicas da Escola Normal Superior.


A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) divulgou, nesta terça-feira (12), edital para seleção de tradutores/intérpretes de Libras, para oferecer acessibilidade linguística às atividades acadêmicas da Escola Normal Superior (ENS). O credenciamento terá validade de dois anos, contados a partir da publicação no Diário Oficial do Estado do Amazonas.

De acordo com a UEA, as inscrições deverão ser realizadas até 15 de agosto, das 8h às 12h e das 14h às 18h, na Escola Normal Superior, localizada na Av. Djalma Batista, nº 2470, bairro Chapada, de segunda a sexta.
Para participar, o candidato deverá possuir graduação superior em qualquer área de formação, com especialização na área da tradução e interpretação ou na língua brasileira de sinais (mínimo de 360), Proficiência em tradução e interpretação de Libras (PROLIBRAS), reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), ou comprovante de experiência na função de tradutor/intérprete de Libras.
No ato da inscrição o candidato deverá apresentar a Ficha de Inscrição, que pode ser encontrada no edital, devidamente preenchida, e o currículo de acordo com o "Modelo de Currículo" também disponibilizado no edital. A ordem de classificação do credenciamento será divulgada no dia 26 de agosto.

5 perguntas e respostas sobre inclusão de alunos surdos

Respondemos a cinco dúvidas comuns sobre os programas governamentais e a oferta de materiais de apoio para incluir os alunos com deficiência auditiva nas turmas regulares


1 Toda escola deve ter um intérprete de Libras? 
Qualquer escola que tiver alunos com deficiência auditiva nas classes regulares tem o direito a um intérprete de Libras. Caso você tenha apenas um aluno surdo matriculado, procure outras escolas da região e monte um pequeno grupo de estudantes que possam receber o atendimento de um profissional no contraturno. Isso facilita o trabalho das Secretarias de Educação, que cadastram intérpretes anualmente, mas ainda não conseguem atender à procura das instituições de ensino.
Outro profissional importante nesse processo é o instrutor surdo - um profissional com deficiência auditiva que atua na escola e ensina a língua de sinais para os alunos surdos e, eventualmente, para os ouvintes também.

2 Como esses intérpretes são formados?
Quase 700 cursos superiores em Pedagogia, mais de 50 cursos de Fonoaudiologia e cerca de 400 cursos de Letras oferecem disciplinas de Libras em suas grades curriculares. Mas, para ser um intérprete oficialmente cadastrado é preciso passar pelo programa nacional de certificação de intérpretes, o Prolibras, coordenado pelo MEC.
O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) abre uma chamada pública para recrutar instituições públicas de ensino superior que possam aplicar o exame de proficiência em Libras aos interessados. Nos últimos anos, a instituição responsável é a Universidade de Santa Catarina. A partir de 2011, o Prolibras deve ser executado pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).
A prova prática de proficiência engloba uma apresentação pessoal do candidato em Libras e outra apresentação a respeito de um tema determinado pela comissão de avaliação. O candidato também precisa mostrar como executaria um plano de aula entregue pelos avaliadores, detalhando as estratégias, a metodologia e os recursos didáticos empregados. Todos são avaliados sob dois aspectos principais: a fluência em Libras e a competência metodológica para que este intérprete também saiba ensinar a língua de sinais a outras pessoas.
Há, também, os cursos oferecidos por entidades do terceiro setor e os realizados à distância, que não são contabilizados pelo Censo Escolar.
3 Como os gestores devem proceder para ter um intérprete na escola? O gestor que recebe uma matrícula de um aluno com deficiência auditiva deve imediatamente procurar a Secretaria de Educação do Estado ou do Município, fazer um cadastro e comunicar as necessidades específicas daquele aluno. Com base nisso, os governos podem planejar melhor a distribuição de recursos dentro da rede.
Vale lembrar que todos os estados possuem os Centros de Capacitação dos Profissionais de Educação e de Apoio às Pessoas com Surdez (CAS), vinculados às Secretarias Estaduais de Educação. Esses Centros são encarregados pela realização de cursos de formação na área e são financiados com recursos do MEC e das Secretarias.

4 O que fazer quando a escola não possui intérpretes? O primeiro passo é entrar em contato com as Secretarias de Educação para solicitar um intérprete e verificar quais os cursos disponíveis para a formação dos professores. Caso a escola ainda não tenha uma sala de recursos multidisciplinar, também é possível fazer esta solicitação através do Programa Escola Acessível, do Ministério da Educação, pelos telefones (61) 2104 -9258 e (61) 2104-8651.
O MEC também disponibiliza materiais de apoio e recursos didáticos para as escolas, que podem ajudar os professores não-intérpretes a flexibilizar as atividades para melhor atender aos alunos com deficiência auditiva. Mas, vale lembrar que a presença do intérprete é fundamental para garantir o avanço desses estudantes. Uma sugestão é reunir alunos com deficiência auditiva de diferentes escolas de uma região em um mesmo espaço no contraturno, para que sejam assistidos por um intérprete e um instrutor surdo.


5 Como é possível conseguir os materiais de apoio ao Atendimento Educacional Especializado?
Os estados, por meio das Secretarias de Educação, apresentam à Secretaria de Educação Especial do MEC planos de trabalho com os cursos de formação que desejam oferecer aos profissionais que trabalham no AEE da rede, o número de vagas que podem ser ofertadas, assim como uma listagem dos materiais que desejam encaminhar para as escolas. Assim, o Ministério pode distribuir da forma mais adequada possível os recursos financeiros disponíveis e os materiais didáticos e pedagógicos em formatos acessíveis (Libras).
Também é possível obter recursos do Fundeb para financiar o AEE, mas a administração desse financiamento fica a cargo da rede de ensino. Livros didáticos, DVDs literários e dicionários trilíngues (Libras/Português/Inglês) são disponibilizados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), através dos Programas Nacionais do Livro e enviados automaticamente para as escolas públicas com alunos surdos matriculados.
Quer saber mais?
Internet
Federação Nacional de Educação e Inclusão dos Surdos

Instituto Nacional de Educação de Surdos

Publicações da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo 

Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação

Secretaria da Educação do Estado de São Paulo - CAPE

Secretaria da Educação do Estado do Paraná (Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional)

LIBRAS



A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é utilizada por deficientes auditivos para a comunicação entre eles e entre surdos e ouvintes. Para melhor nos inteirarmos dessa realidade é interessante que essa linguagem se faça conhecer, e que haja uma procura por ela com o interesse de aprendê-la.
Ao contrário do que imaginamos ao perceber a existência desse tipo de linguagem, a LIBRAS não é apenas uma medida paliativa para se estabelecer algum tipo de comunicação com os deficientes auditivos, mas é uma língua natural como qualquer outra, com estruturas sintáticas, semânticasmorfológicas, etc. A diferença básica é que ela também utiliza a imagem para expressar-se. Para se aprender LIBRAS deve-se, portanto, passar por um processo de aprendizagem de uma nova língua, tal qual fazemos quando nos propomos a aprender francês, inglês, etc.